Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que, nos últimos dois anos, a construção civil cresceu 17,7% ante 8,2% da economia nacional. E, ao que tudo indica, a tendência é de que este movimento continue ao longo de 2023.

Projeções realizadas por alguns especialistas apontam crescimento de 2,5%, percentual inferior ao de 2022, que teve um crescimento de 7%. Mas a desaceleração já era esperada, principalmente devido à mudança de governo no Brasil e instabilidades no cenário político e econômico.

“A diminuição da renda das famílias e a situação financeira do país podem ser determinantes para a desaceleração do mercado de construção”, declarou Henrique Bragança, Country Manager da PlanRadar no Brasil, em entrevista ao portal Terra.

Para o executivo, existe a necessidade de aumentar a participação da construção civil no PIB nacional, que sofreu queda no último ano, a fim de auxiliar no crescimento do país de forma sustentada. “Em outros países, a participação da construção civil no PIB é maior do que 7%. Ou seja, a construção é um fator determinante para o Brasil crescer e não faltam oportunidades para isso. Com isso, poderemos elaborar estratégias que funcionem a médio e longo prazo, gerando resultados positivos”, destacou.

Bragança aposta em programas sociais como Casa Verde Amarela e Minha Casa Minha Vida como impulsionadores do crescimento e em Parcerias Público-Privadas.

“Para se ter uma dimensão do crescimento do investimento privado, em 2010, representou 57,3% do total em infraestrutura, já em 2021, saltou para 66,4%. Com esses dados podemos ver que essa é uma estratégia que traz bons resultados e fortalece o mercado de construção civil”, disse o executivo.

Em outubro de 2022, o número de trabalhadores na construção civil chegou a 2,5 milhões, retomando o patamar do ano de 2015. No período de janeiro a outubro de 2022 foram registradas mais de 288 mil novas vagas no setor, sendo aproximadamente 42% delas no segmento de edificações.

Para Bragança, o cenário para 2023 ainda será de crescimento na geração de empregos, mas em um ritmo menor em relação ao ano anterior. “Os últimos anos tiveram bons resultados para o setor, mas é notável que os desafios que o mercado enfrentará no ano terão impacto principal na geração de empregos”, destacou.