Uma live promovida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) avaliou os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, divulgada nesta sexta-feira (30), e destacou os impactos dos resultados no setor.

A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, trouxe uma série de análises positivas sobre a PNAD. Para ela, a economia do país ganhou mais dinamicidade por conta da junção do menor número de pessoas desocupadas no Brasil e da oferta de postos formais de trabalho gerados em agosto, registrada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que contabiliza apenas os postos formais de trabalho. “Tanto o Caged quanto a Pnad Contínua nos evidenciam que o mercado de trabalho está melhor do que no período pré-pandemia. No caso do desemprego, medido pela PNAD, estamos com o menor patamar desde 2015”, afirmou a economista, em matéria publicada no site da CBIC.

A pesquisa do IBGE, que considera trabalhos formas e informais, mostra que a taxa de desocupação entre junho e agosto de 2022 ficou em 8,9%, o que representa cerca de 9,7 milhões de pessoas. Já os números divulgados pelo Caged na última quinta-feira (29), revelam que foram gerados aproximadamente 270 mil postos de trabalhos formais em agosto deste ano.

De acordo com o levantamento, o setor da construção corresponde a 6% do total de trabalhadores de carteira assinada. “São 99 milhões de pessoas ocupadas no país. Para se ter uma ideia da importância desse número, é o melhor da série histórica iniciada em 2012 pelo IBGE. É patamar recorde no número de ocupações do país”, destacou Ieda. 

Selic

A economista afirmou que, a partir de 2023, a Taxa Selic, que está com juros a 13,75%, deve começar a ter quedas. Para Ieda, o número revela que o ciclo de alta em 2022 foi encerrado pelo Banco Central e o mercado já percebeu que, este ano, não haverá mais aumento da taxa.  “A redução começa a partir do ano que vem, segundo a Focus, e continua no processo de queda, chegando nos próximos três anos, em 2025, a patamar próximo a 7%. A queda deverá ser gradual, com a Focus projetando a Selic em 11,25% no final de 2023”, afirmou.

Por outro lado, Ieda considera que, com a estabilidade da Selic, não há cenário de aumento das taxas do financiamento imobiliário, que, de acordo com a economista, continuam muito atrativas. Ela relembra que, de março de 2020 até este ano, a Selic aumentou 11,75 pontos percentuais, enquanto a taxa do crédito imobiliário cresceu cerca de 3 pontos percentuais. “Não impacta a construção de forma direta. Impacta na medida em que diminui o ritmo de desenvolvimento da economia brasileira”, ressaltou. 

Para Ieda, as altas nos juros da Selic, em algum momento, irão afetar a atividade econômica. “As estimativas de crescimento do próximo ano estão muito mais modestas. Enquanto têm melhorado as estimativas do crescimento da economia em 2022, próximo a 3%, para o próximo ano, as estimativas indicam um cenário de crescimento de 0,5% em função da Selic elevada. Mas é claro que economia pode surpreender”, destacou. A especialista considera que a economia do país tem surpreendido. Ela relembra o resultado positivo, divulgado pelo Banco Central, de 1,27% do índice mensal de atividade do mês de julho, enquanto a expectativa do mercado era de 0,3%. Outro resultado que revela o bom comportamento da economia é o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a melhora da inflação. Ela lembrou que no início do ano, a pesquisa Focus projetava uma alta do PIB de 0,29%, e a última pesquisa estimou 2,67%, enquanto a inflação já chegou a quase 9%, segundo a pesquisa, e está em 7%.