Crédito auxilia indústrias de cerâmica vermelha

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Ceramistas podem buscar por financiamentos para aquisição de equipamentos e máquinas

Por Aline Moura

A falta de recursos para investir em novas tecnologias é uma das barreiras enfrentadas pelas indústrias de cerâmica vermelha que desejam ampliar a capacidade produtiva e executar melhorias no processo de fabricação. A boa notícia é que existem diferentes linhas de crédito disponíveis para que as empresas de menor ou maior porte possam desenvolver e aumentar sua produção. Entretanto, antes de recorrer a algum financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos é importante planejar e conhecer as soluções concedidas pelas instituições financeiras.

O dinheiro vem dos principais bancos do país. O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) disponibiliza diferentes linhas de crédito para investimentos no setor produtivo e conta com operações diretas (financiamentos acima de R$ 20 milhões) e indiretas (abaixo de R$ 20 milhões), estas últimas operacionalizadas pelos agentes financeiros do BNDES (bancos comerciais). Para a compra de máquinas e equipamentos, o Banco oferece as linhas do Finame, por intermédio de instituições financeiras credenciadas ao BNDES, como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia.

Os financiamentos para aquisição de máquinas e equipamentos, como o Finame, e investimentos em inovação e máquinas e equipamentos eficientes, são contemplados pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em meados de 2009 pelo governo federal. “O PSI, com prazo de vigência até 31 de dezembro de 2014, tem taxas de juros fixas bastante competitivas”, explicam a chefe do Departamento de Bens de Consumo, Comércio e Serviços do BNDES, Ana Cristina Rodrigues da Costa, e o economista do departamento, Rangel Galinari. O PSI é uma política de governo, cuja prorrogação da vigência é definida pelo governo federal.

Para investimentos em bens de capital, as taxas são de 6% ao ano para grandes empresas e de 4,5% ao ano para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Para inovação, são de 4% ao ano para empresas de todos os portes. “Em operações contratadas diretamente com BNDES, os prazos são definidos durante a análise do projeto, levando em consideração a capacidade de pagamento do empreendimento, do cliente ou do grupo econômico ao qual pertença. Para as operações indiretas, critérios semelhantes são empregados pelas instituições financeiras credenciadas”, completam Ana e Galinari. A mesma análise é aplicada para estipular o limite de valor disponível para o financiamento.

Direcionado especificamente às micro, pequenas e médias, o Cartão BNDES oferece crédito à indústria para aquisição de bens de produção (máquinas, equipamentos, insumos etc.). “As taxas de juros variam a cada mês, mas são as mesmas até o final do contrato, dando previsibilidade ao investidor/tomador do crédito. Neste mês de novembro, os juros do Cartão BNDES estão em 0,96% ao mês”, informa o BNDES. Dentre o leque de financiamentos que oferecem soluções às empresas do setor, destacam-se os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), em seus programas para micro e pequena empresa (MPE) ou industrial, operado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB). “Não há um montante de recursos previamente limitado por atividade econômica, as demandas podem ser apresentadas ao BNB. As taxas de juros variam conforme o porte, a localização do empreendimento e a origem do equipamento, sendo mais favorecidas para empreendimentos de menor porte e para equipamentos nacionais. Um referencial de custo é 4,5% ao ano para os portes de micro até média empresa, para máquinas e equipamentos com no mínimo 60% de nacionalização”, disse a gerente executiva da Célula de Políticas de Financiamento e Monitoramento, vinculada ao Ambiente de Políticas de Desenvolvimento, Sâmia Araújo Frota.

O Banco do Nordeste também promove uma iniciativa direcionada às industrias de cerâmica vermelha, através do projeto de estímulo ao financiamento de eficiência energética nos setores de cerâmica e gesso no Nordeste, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Ministério do Meio Ambiente (MMA). “Foi realizado um estudo referente ao potencial de financiamento de eficiência energética nos setores de cerâmica e gesso. Embora o crédito esteja sempre disponível, a partir desse estudo está sendo estruturada no BNB uma linha especial de crédito direcionada a esses dois setores, com enfoque em modernização, inovação e adequação ambiental”, diz Mario Eduardo Fraga da Silva, gerente executivo em exercício da Célula de Meio Ambiente, Inovação e Responsabilidade Social, do Ambiente de Políticas de Desenvolvimento, inserido no Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene).

O Banco da Amazônia possui linhas de crédito para atendimento ao setor ceramista independente do porte. Os recursos estão disponíveis através do FNO MPE, para micro e pequenas empresas, e o FNO Amazônia Sustentável, destinado às médias e grandes. As taxas de juros para aquisição de máquinas são de 5,30% ao ano, para empresas de micro a médio porte, e 7,06% ao ano, para as de grande porte. O valor e prazo ficam condicionados a uma apuração da capacidade de pagamento.

Em todo e qualquer financiamento é necessário observar os requisitos e documentos exigidos pela instituição financeira para aprovação do crédito. “Todos os projetos que dão entrada no BNDES, independente do setor, são submetidos a análises técnicas, que consideram uma série de fatores, entre eles a viabilidade econômico-financeira do projeto, a solidez da empresa e o cumprimento de exigências legais no campo social, trabalhista e ambiental”, orientam Ana Cristina e Rangel Galinari.

No Banco do Amazônia, as empresas de médio e grande porte deverão apresentar o projeto econômico-financeiro, que pode ser elaborado por pessoas com capacitação técnica para este fim e cadastradas no Banco; para micro e pequenas empresas, para pequenas reformas ou máquinas e equipamentos, há possibilidade de apresentação do Plano de Negócios Simplificado. No caso de empresas que irão apresentar o projeto econômico financeiro, é necessária uma gama de documentos, bem como a proposta dos fornecedores e catálogos das máquinas equipamentos e/ou veículos a adquirir. “Para que haja a concessão de crédito, os parâmetros de atendimento a legislação vigente é de primordial importância. A ausência de restrições cadastrais, além da organização e experiência do administrador é levada em consideração por ocasião da análise”, informa a gerente executiva de pessoa jurídica varejo do Banco da Amazônia, Bruna Paraense.

A competitividade de uma empresa está atrelada a sua eficiência e produtividade, em oferecer produtos com qualidade, cumprir às legislações e normas pertinentes, manter uma gestão eficaz com as contas em ordem, bem como acompanhar as demandas do setor e os avanços tecnológicos. Portanto, os ceramistas devem ponderar se a obtenção do financiamento está alinhada à estratégia de negócio, buscando fazer um planejamento adequado para não acarretar num desequilíbrio futuro na gestão financeira da empresa. Desta forma, o BNDES aconselha: “Planejar bem os investimentos, com objetivos claros, metas factíveis e alinhadas às perspectivas setoriais e de mercado, de modo a tornar o crédito uma via adequada para o crescimento do negócio”.

Buscar apoio de entidades e consultorias é um caminho para analisar o momento adequado e as necessidades da empresa. Nesse sentido, a Anicer realiza, em parceria com o Sebrae, o projeto Cerâmica Sustentável é + Vida (CS+V) com o objetivo de promover a sustentabilidade nas micro e pequenas empresas do setor. A consultoria para Inovação Tecnológica do CS+V faz uma análise da estrutura disponível na fábrica e apresenta uma proposta de alteração e melhorias, com a indicação dos equipamentos adequados, conforme os produtos fabricados e a demanda mercadológica.

Outro suporte oferecido pelo CS+V, é a Consultoria Ambiental, que orienta cada cerâmica sobre os procedimentos a serem adotados para a obtenção ou manutenção das licenças obrigatórias. Devido à característica da atividade desempenhada pelas indústrias do setor, considerando a utilização de recursos ambientais, as instituições bancárias exigem para concessão do financiamento a apresentação da Licença de Operação (LO), do alvará de pesquisa concedido pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ou portaria de concessão de lavra ou ainda o registro de licença do DNPM e autorização do IBAMA.

No setor de Construção Civil, são aceitos para credenciamento no Cartão BNDES apenas os produtos que estejam qualificados nos Programas Setoriais da Qualidade (PSQ), no âmbito do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), do Ministério das Cidades, ou ainda aqueles que apresentem certificação no Inmetro. O projeto Cerâmica Sustentável é + Vida possui também a Consultoria para Qualificação nos PSQ/PBQP-H, que conduz ações no interior de cada cerâmica para implantação das ferramentas de processos e gestão da qualidade como forma de assessorar as empresas que desejam obter o certificado de qualificação do PSQ (PBQP-H) de Blocos e/ou Telhas Cerâmicas.

Com o financiamento, é possível atualizar o maquinário da indústria, porém antes siga os passos já recomendados, como avaliar a necessidade e as contas da empresa, e em seguida escolha a linha certa, consulte os custos envolvidos e as taxas de juros, providencie a documentação solicitada e prepare o plano de negócio e/ou projeto econômico-financeiro, detalhando de que forma os recursos serão utilizados, quais equipamentos serão adquiridos, entre outras informações solicitadas pela maioria dos bancos.